domingo, 9 de dezembro de 2007

POESIAS LIRICAS

SOU DO SUL

Sou do Sul, dum cantinho à beira-mar
Trago nas mãos as ondas uma a uma…
Dentro de mim o mar que se avoluma
No meu coração um lenço a acenar!

Sou do Algarve, das lendas belas
Da terra mais quente junto ao mar
Daqui onde partiram caravelas
Na rota constante do sonhar!

Eu sou do sul que cheira a maresia
Sou filha deste mar, do céu azul
Sou gaivota branca sobre a Ria…
Sou ave migratória rumo ao Sul!

Serei sempre do Mar eterna amante
Sou dum cantinho com o mar a seus pés
Vivo na aldeia branca onde um navegante
Se enfeitou com a graça das marés…

Nasci junto ao mar em terra sulina,
Que espreita dum mirante - o alto mar
O mar vive em mim e me domina
Na ânsia de partir e regressar!

Trago sempre o mar em ondulação
Dentro do meu peito que se agita…
Eu sou do Sul e o mar é meu irmão
Porque ele a toda a hora em mim palpita

E neste palpitar, eu sinto a Vida!
Da terra abençoada em que nasci
Num vai vem de regresso e de partida
Tal como a onda vem e vai para ti!



O MEU BARCO VELEIRO


Por muito que corra o mundo inteiro
Por mais rias e mar a navegar…
Não há outro barco, nem barqueiro
Num sonho que nasceu perto do mar!

Nem há um outro arrais ou companheiro
Nem há um outro porto de chegar…
Nem as velas mais brancas do veleiro
Que fazem a nossa alma libertar!...

É assim o lindo barco veleiro…
Deste singular sonho cor de rosa
E sempre com carinho verdadeiro
Ao vê-lo navegar fico ditosa!

Gostava de ser eterno passageiro
Que na ria navega sem parar…
Dentro da alma o sonho verdadeiro
A jóia dum passado secular!

E dele serei sempre eterna amante,
A devolver-lhe toda esta ternura
Porque sinto em minha alma o navegante
Da Fuseta - um passado que perdura!

O barco tem magia, tem encanto
A deslizar docemente sobre a ria
A Virgem vai nele com seu manto
Numa rota de Sonho e de Poesia!

Embalada no seu belo roteiro…
Cantarei os meus hinos de esperança
Na saudade desse barco veleiro
Que vive em mim dos tempos de Criança!



O MEU BARCO SENTIMENTO

O meu barco decorado
No meu amor sentimento
Como é lindo, embandeirado
Vogando ao sabor do vento…

É meu barco sentimento
Antigo, tradicional
Que celebra bom momento
Na minha terra Natal.

Gosto de o ver navegar
Pela ria abençoada
E a Virgem ver chegar
Junto ao cais abençoada!

Coração de marinheiro
Vai no barco a navegar
Vai com ele o mundo inteiro
A Virgem no seu altar!

Com os remos desta vida
E as velas de fino pano
Levando a onda vencida
Ele sulca o oceano!

O meu barquinho saudoso
É meu amigo fiel
É o barco mais famoso
O mais bonito batel.

É barco tradicional
Na nossa história famosa
Um veleiro original,
Da nossa Ria Formosa.

Nos dia em que há festança
Ele todo embandeirado
Neste percurso que avança
É glória do passado!

Precioso galardão…
Que minha Ria emoldura
A Virgem na Procissão
Na tradição que perdura!

AI MEU AVÔ, MEU AVÔ

Ai, meu avô, meu avô
Meu humilde pescador
A ti eu devo o que sou
Por isso te tenho amor.

Ai, meu avô, meu avô
Valente homem do mar
Porque a vida te levou
Ando nele a navegar...

Ai, meu avô, meu avô
Navego no mar da vida
Porque o tempo já passou
Mais uma maré vencida!

Ai, meu avô, meu avô
O que por mim tu fizeste
Tudo que ele me ensinou
Fez-me ver a onda agreste

Ai, meu avô, meu avô
Que me ensinaste a remar
Nunca foi um "bibelôt"
Aprendi a trabalhar!

Ai, meu avô, meu avô
Se hoje nada mais temo
Meu barco não naufragou
Que fiz da lança o meu remo!

Ai, meu avô, meu avô...
O que me resta a Saudade!
Se é pouco o que te dou
É grande a minha amizade!

Ai, meu avô, meu avô
Quimera, doce quimera
Quando levantar meu vôo
Nasce em mim a primavera!

Os meus sonhos de criança
Da vida que já passou...
Renascem marés de esperança
Ai, meu avô, meu avô!


AS MINHAS CARÍCIAS

Quando olho o mar…
Sinto a vastidão
Uma onda palpitante
A força constante
Que me faz sonhar
Entra em meu coração!

Quando olho o céu…
Imagino estrelas
Que cintilam em meu redor
Dentro do meu ser
Numa vibração de azul cintilante
E sou tua amante!

Quando olho a Terra…
Sinto o perfume da Natureza
Que perfuma a vida
Em espaços verdejantes
Mas tão distantes…
Ondas de pureza!

Quando olho a Lua…
Relembro o passado
Um beijo trocado
Na noite calada…
Contigo a meu lado
Sempre enamorada!

Quando olho as Flores
Sinto a primavera
Em carícias perfumadas
Onde sonham as fadas
E vivo a quimera
Dum tempo sem espera
Que me fala da flor…
Carícias de Amor!

AS AULAS DA BONECA

Criança .... fui um dia…
Da minha querida boneca de trapos
Fiz dela o meu brinquedo favorito
Aquela boneca muda...
Nunca sabia a lição...
Não falava, não respondia
Nem ouvia o que eu dizia…
Mas eu ensinava-lhe as vogais
Aquela boneca muda…
Ficava sentada, sem dar-me atenção
Era eu que respondia por ela
Brincava às escolas...
Com aquela boneca muda
Não sabia contar...
Nem pelos dedos...
Mas eu inventava os dedos da boneca
Que bom era brincar assim!
Depois cresci... e a minha boneca,
Ficou dormindo uma soneca...
E fiz-me professora a sério
Mas com alunos levados da breca...
Quantas vezes pensei…
Como o tempo muda!...
Agora os alunos, também não respondiam
Eles não estudavam,
eles falavam… eles gritavam
Eu ensinava, eu ralhava, mas também aprendia...
E na lição de cada dia...
Por mais que me iluda...
Ai! Que saudades...
da minha boneca de trapos muda!


LIÇÕES DE VIDA

Ser professor... é ter força
para agarrar o vento...
Ser professor é deter a maresia
Sorrir a cada momento...
Ser professor é inventar o mundo
Ser professor é percorrer o universo
Ser professor é caminhada
Ser professor é matar a sede
Ser professor é amar uma criança
É dominar as letras, é uma arte
Estar na aula e em qualquer parte
Com sentimento profundo
Ser professor é ser também aluno..
Bonita comparação...
Estou em crer no fundo
Entre os dois há união...
Entre o “ser” e o “não ser”
Entre o “dar” e o “receber”
Em perfeita harmonia...
Não sei quem vai aprender
Na vida de cada dia!...
Ambos talvez se completem
Na grande lição da vida!
Grande é a lição do Mundo
Que dia a dia nos revela
Será que dessa parcela
Cheia de tantos deslizes...
Por cada lição mais bela
Eu escrevo em minha tela
Todos somos aprendizes.




CANÇÃO DA MINHA SAUDADE

Entre muitas canções gosto de ouvir
As mais lindas canções de amor ardente
Versos de amor, carinho que se sente
Pedaços do meu ser – o meu sentir!

Ouvir a voz suave, num sorrir
Sentir a melodia docemente
Entra em nossa alma docemente
Como botão em flor que vai abrir!

Então o meu poema musicado
Na música e na voz mais embalado
A Música e Poesia em sintonia…

Nas cordas vibrantes da Saudade
O cantor dá-lhe mais profundidade
Que iremos recordar no dia a dia!

SAUDOSAS RECORDAÇÕES

Nos meus saudosos tempos de criança
Os meus famosos contos, predilectos
Estão gravados em minha lembrança
Que hoje vou recontando p’ra meus netos

A ciranda famosa - a linda dança
Eu tinha por ela os meus afectos
Dum tempo a renascer sem parança
A percorrer os mais belos trajectos!

O mais lindo tempo de brincadeira
Histórias que ao canto da lareira…
Marcam o património nacional!

Surge-nos a melhor recordação
Na saudade que nos chega ao coração
As mais lindas canções de Portugal…


EU TE LOUVO ALGARVE


Eu louvo o meu Algarve e a sua gente…
O mar azul, a sua vastidão…
Raça guerreira foi a tua gente
Que nos lembrará sempre a tradição!

Nas tradições, tu vens presentemente
Mostrando ao mundo a velha geração
No passado, futuro e no presente,
Tudo o que albergas em teu coração

Nas ruas decoradas e nas festas
Pedra a pedra, na tela da saudade…
Lembras a tua história distante!

Povo artista que louva a Padroeira…
Os teus feitos heróicos são bandeira
Prendem meu coração a todo instante!

VEM AMOR

Vem amor
Trago-te búzios marinhos
Do outro lado do mar
Dourados por minha mão
Vem amor
O búzio canta
Trazido nas marés de acalmia
Numa onda de embalar...
Vem amor...
Trazer-me conchas e estrelas do mar
Para enfeitar meus cabelos de sereia
Vem amor...
A maré está cheia
Há beijos na areia branca
E na preia-mar
Alguém os pode levar
E o búzio deixar de cantar
E as ondas já não param quietas
Vem amor...
Vem conter o Mar

PALAVRAS DE MAGIA

Quando me fitas…
O teu meigo olhar,
Diz-me palavras bonitas
Que tento decifrar...

Que são escritas
No Verbo Amar!
O teu olhar é tão eloquente
Quando reflecte
Aquilo que sente
E essa luz incandescente
É a luz da alma...
Que conforte a gente!
O teu olhar
É espelho reflector
Que me fala de Amor!

O TEU DISFARCE

Há em ti
A harmonia das cores
Que o pintor
Pinta na tela
Há cor sem cor...
Sem traços, nem perfil
Há uma mistura
Um sorriso de ironia
Na policromia
Da pedra polida
Nessa moldura
Por vezes baça
Quem diria! Que me tortura!
Que num sorriso falso
Há nela uma máscara
Que te afivela...
Que te faz bela...
O teu disfarce!

LENDAS ALGARVIAS

Este é o meu novo livro de Lendas Algarvias uma edição do Elos Clube de Faro que brevemente irá ser apresentado oficialmente.